14.1.16

Conversas entre Mulheres # 4


Há mais de 3 anos que é assim. Vivemos como estranhos na mesma casa. Cada um dorme em assoalhadas diferentes. Eu na cama e ele no sofá, depende de quem chega primeiro.
Falamos o essencial, pelos miúdos. Outras vezes, nem isso.
Não há corpos que se querem, nem afetos por demonstrar. O Amor e a cumplicidade deixou de existir há muito tempo.
Vivemos com um casal, mas somos meramente uns desconhecidos. Um casal que finge perante os outros. Pagamos contas e somos pais. Às vezes, nem isso.

- Tens de dividir o problema, em problemas pequeninos. Digo-lhe.

- Já lhe disse que me quero separar. Mas ele não me ouve, não quer saber e deixa-se ir nesta vidinha. Já penso em sair de casa com os miúdos e largar tudo, mas tenho medo.

- Medo?

- Medo, de não conseguir continuar em frente. Este Natal foi um pesadelo. Estar com a família e fingirmos ser um casal feliz. Comprei uma prenda para os filhos darem ao pai e ele não aceitou. O mais velho começou a chorar e diz que o pai não gosta dele.

-  Achas que isso é benéfico para os miúdos? Consulta um advogado e vê o que podes fazer.

- Sabes que não tenho dinheiro para entrar num litigioso.

- Eu sei, mas tens de começar por algum lado. Ninguém o vai fazer por ti.

- Sabes, sinto-me morta. Já tinha deixado os anti-depressivos, mas acho que vou ter de os voltar a tomar.




* Largar a vida que se construiu durante anos é assustador, mas mais assustador é os anos passarem e um dia olharmos para trás e nos perguntarmos o que fizemos em prol da nossa felicidade ou da nossa paz. 
Ouvi dizer e faz sentido - Pais felizes, filhos felizes. Ainda que os pais tenham de se separar e não vivam juntos.



3 comentários:

  1. Concordo plenamente, mais vale a separação mas acredito que deve haver imensos casais nessa situação...

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  2. Concordo tanto contigo, mas imagino que seja realmente muito difícil.

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Obrigada, pelas suas palavras.