Torna-se inevitável não pensarmos nas situações reais. É inevitável não olhar para a vida dos outros, por vezes tão piores que as nossas. Não há dúvida que prestamos mais atenção a certas coisas quando a vida não nos corre de feição. Quando ela mesma parece não sair do mesmo lugar.
Tenho de dizer que admiro profundamente certas pessoas. Admiro as mulheres que estão sozinhas com os filhos sem qualquer ajuda. Mulheres que são mãe e pai, todos os dias. Mulheres que vão à luta e que se for preciso deixarem de comer para dar aos filhos, o fazem sem hesitar ou se lamentarem.
E há tanto lamento, para mães que têm (quase) tudo. Ou porque não dormiram uma ou outra noite. Ou porque o marido até chegou tarde do trabalho, mas ainda assim leu histórias aos filhos antes de adormecerem. Ou porque até têm empregada que as poupa das tarefas domésticas mais chatas, mas ainda assim a vida é um tédio.
Admiro quem dá uma segunda chance, ou terceira, ao amor. Admiro quem casa uma segunda vez. Admiro quem volte a viver debaixo do mesmo teto com alguém que ama. Sempre disse que se algum dia me separasse, que não voltaria a casar. Que não voltaria a deixar o romance morrer, pela rotina dos dias na partilha de um lar e de uma vida.
Mas eu sei, não devemos dizer - Nunca e Sempre.
Admiro quem dá uma oportunidade ao amor com bagagem. Admiro as famílias reconstituídas em que há vários filhos de cada lado e ainda assim com todo o esforço que isso implica, a relação até resulta. Um amor com uma bagagem grande requer tanta energia entre outras tantas coisas, que nem sempre se aceita ou se está à altura desta realidade. Não sei o que a vida me reserva, ou o que tem destinado para mim, mas sei que talvez eu mesma não soubesse gerir um amor assim, um amor de bagagem grande.
Admiro quem não tem medo de falar de amor, mesmo com o coração esfarrapado.
Admiro quem venceu todos os obstáculos e vive hoje um amor feliz.